Embora desfrute de um amplo apoio no Congresso e seja conhecido como articulador eficiente nos bastidores, o presidente Michel Temer precisará garantir que a economia melhore e conquiste maior hegemonia entre as lideranças políticas para alavancar a popularidade e aprovação do governo, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Dados de uma pesquisa do Instituto Ipsos divulgada neste mês indicam que o índice de reprovação de Temer é de 68% – similar ao de Dilma Rousseff em dezembro, já nas discussões do impeachment. E essa rejeição piora quando o assunto é economia.
De acordo com o Ipsos, de julho a agosto, a porcentagem de pessoas entrevistadas que desaprovam a atuação de Temer no combate à inflação passou de 56% para 61%.
Especialistas apontam que a estabilidade econômica – num momento em que o PIB tem seu sexto trimestre consecutivo de retração – é chave para o aumento da aprovação do novo presidente, mas ponderam que o desafio será conquistá-la ao mesmo tempo em que adota medidas impopulares como ajuste fiscal, redução de gastos do governo, reformas trabalhista e da Previdência.
Outro desafio para a popularidade do presidente será conquistar as lideranças políticas no Congresso e manter a ampla base de apoio, tendo justamente que convencer os parlamentares a votar temas de gosto “amargo” para a população.
O cientista político da Universidade Federal da Bahia, Wilson Gomes, acredita que somente agora, com a confirmação do governo de Michel Temer, será possível identificar uma política econômica mais concreta, já que as ações até agora foram paliativas e temporárias.
“Agora a gente vai entender o que vai ser o governo Temer. Quem vai mandar vai ser (o ministro da Fazenda) Henrique Meirelles ou não? Isso também vai determinar o que será daqui para frente.”