A renúncia de Eduardo Cunha abre uma grande avenida para o entendimento político na República tupiniquim.
O desafio é buscar a habilidade para um consenso.
Atentar para este momento de transição requer conhecimento, experiência e, especialmente, despreendimento. Esta janela de oportunidade poderá ajudar o país a voltar a crescer. E, principalmente, para que a política partidária tenha um mínimo de ética e moral.
É certo que oportunistas de plantão já fazem cálculos para se dar melhor diante dessa brecha que se abre, incentivados talvez por um governo temporário instalado no outro lado da avenida do Congresso Nacional.
O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), acha que agora é importante definir o perfil do substituto de Cunha. O nome é consequência dessa observação entre 512 deputados. A preocupação é resgatar a péssima imagem da Câmara e de seus integrantes perante a opinião pública.
Difícil acontecer isso, mas não impossível.
As dificuldades começam pela média dos deputados, a maioria envolvida em denúncias de grosso calibre. E é nesta hora que o “salve-se quem puder” tem efeito potencializado.
Articulações e estratégias à parte, a renúncia atinge também o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já se dizia que saindo um, sai outro. A máxima é verdadeira para o processo que corre no Senado Federal.
Cunha desceu lágrimas e disparou críticas (veja a carta) ao governo afastado e à sua protagonista. Dilma já fez sérias acusações contra Cunha. Um pelo outro, o terreno ficará livre para novas oportunidades.
Se havia alguma esperança da oposição para a volta de Dilma, com Cunha fora ela desaparece por completo na medida que é certa também a cassação do deputado no plenário da Câmara. Se Cunha foi protagonista no impeachment, Dilma fez por merecer a pena por conta do descalabro geral.
Como já foi dito aqui neste espaço, quem sabe, por baixo dessa lama não esteja acontecendo alguma boa novidade.
Nos próximos dias, veremos se realmente os políticos estão tomando algum juízo.