A situação administrativa e financeira do estado do Rio de Janeiro é caótica. A liberação de R$ 2,9 bilhões pelo governo federal vai atender a segurança dos Jogos Olímpicos, mas no restante do serviço público tudo é um caos.
“Fazemos vaquinha para pagar limpeza das salas e banheiros. Papel higiênico e café pagamos com o que sobrou da verba de 2015”, conta Carla Avesani, professora e vice-diretora do Instituto de Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
O depoimento à BBC ilustra como é a realidade na ponta do serviço público. A emissora reuniu outros três depoimentos.
“Há policiais fazendo vaquinha para comprar comida para os presos ou então procurando os familiares dos detentos para trazerem refeições. Não se pode deixar o preso morrer de fome”, observa Fábio Neira, policial civil há mais de 30 anos, comissário de polícia e presidente da Coligação dos Policiais Civis do Estado do RJ.
“Só recebi metade do salário, e em 22 anos neste hospital nunca vi situação tão grave”, desanima André Fernandes, 47 anos, médico anestesista do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE).
“As pessoas ficam cansadas de promessas que não se cumprem. Não houve explicação oficial. O que acontece agora? Qual é o plano?”, pergunta Edson Diniz, 45 anos, morou 40 anos na Maré, é diretor da ONG Redes da Maré e professor de História e doutorando em Educação na PUC-Rio.