O Judiciário estadual do Paraná e a Imprensa, especialmente o jornal Gazeta do Povo, estão em guerra. São 45 processos abertos contra o jornal, que publicou uma série de reportagens sobre os supersalários de juízes estaduais.
Para o pesquisador e cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luciano Da Ros, disputa jurídica é explicada em parte pela cultura que cerca o Judiciário, que não gosta em sua maioria da transparência que a sociedade exige.
“Quando falamos em ajuste fiscal ou reformas no Estado, pensamos logo no Executivo, e nunca entram na lista o Legislativo ou o Judiciário. Quem acaba pagando a conta é o funcionalismo público do Executivo. Por quê? Porque existe certa facilidade no controle que vem de cima, da chefia do Executivo. Ou seja, dos governadores, prefeitos e presidentes eleitos. Só que esse comando centralizado e legitimado pela população não existe no poder Judiciário, até porque, em quase todos os casos, a liderança desses órgãos é eleita por seus próprios pares. A falta de incentivo para controle de gastos é generalizada, mas em órgãos com muita autonomia, cresce”, observa o sociólogo em entrevista ao El Pais.
Sobre a disputa jurídica no Paraná, Da Rios disse que “elas estão dificultando o trabalho desses repórteres. Seja como for, esse episódio faz a gente pensar se no Brasil essa relação entre Judiciário e imprensa não é o contrário do que deveria ser”.