Quem olha para Maria Zuíla Lima Dutra não desconfia de seu passado. Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho, em Belém, ela pode ser um exemplo de superação para muita gente.
Filha de mãe analfabeta que criou sozinha cinco filhos, trabalhou em pedreiras quando criança (“Talvez com cinco anos, nem lembro”), vendeu lanches em porta de fábrica, foi telefonista e bancária e agora magistrada.
“Já adulta, eu ensinei minha mãe a escrever o nome. Minha mãe está viva, tem 85 anos, e foi à minha posse como desembargadora. É minha heroína”.
Aos 63 anos Zuíla agora faz um trabalho contra o trabalho escravo, especialmente em casas de família que “adotam” meninas como “filhas”.
“O que se observa, em regra geral, é que os filhos das pessoas que exploram o trabalho infantil doméstico frequentam escola particular de excelente qualidade e dispõem de tempo para brincadeiras com outras crianças, tratamento que as meninas empregadas jamais recebem. Até mesmo a frequência à escola pública é dificultada ou negada, diante da extensa e penosa jornada de trabalho”, observa a desembargadora do trabalho em extenso perfil escrito pela BBC Brasil.